quinta-feira, 4 de março de 2010

Eu, **** - à Carlos Drummond de Andrade














Se quer conhecer-me

Sou eu - a puta da cidade.

A fornecedora

da rua de Baixo

onde nunca te proibirei de passar

onde o ar é doce e floral

e as línguas pedem línguas

que murmuram eu te quero...

te quero puta...

"Quero a puta, quero a puta".

Te sorrio com dentes largos

de longe, de perto, com o corpo

num abrir constante

de boca, de pele, de olhos

tudo quente... puta ardente.

É preciso suar a noite inteira

sem parar, sem cansar

de suar e de cansar

Vem, poeta, que eu sei

o gosto do seu desejo

o gosto do seu gosto

o gosto do seu gozo

Vem, menino, que eu te ensino

o saber que todo menino busca

quando me busca.

Em resposta ao poema "A puta", do poeta.

Dedicado a Carlos Drummond de Andrade

16/10/2009

Texto originalmente publicado em Notívaga Noturna


Um comentário:

  1. Sabe o que me disseram?

    Que ele, Drummond, se reviraria no túmulo ao ler meu poema... entendi como elogio...

    Adoro você querido...

    beijo beijo

    Camila

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