sexta-feira, 19 de março de 2010

O QUIBE CRU NO ANIVERSÁRIO DE CHARLES BRONSON


Não posso dizer que sou um grande viajante no país Brasil. Mas já andei dando umas voltas por ele.

Gosto muito de comida árabe. É que os árabes são parte significativa da gênese e desenvolvimento do Brasil. Os ibéricos que vieram para cá eram, todos, de alguma forma, completamente ligados aos mulçumanos árabes e berberes que dominaram a península por cerca de 800 anos. Isso sem falar na vinda árabe em êxodo após a reconquista de Granada e o deslanchar da “santa inquisição”. Possuímos essa genética que vai bem além da biologia. É a cultura do cordel, aboios, carnes, comércio, temperos, têmpera guerreira e cordial. A vinda dessa gente linda nunca parou; se modela e remodela, mas não para...ainda bem.

E a vida, essa coisa única, traz surpresas maravilhosas. No sábado passado liguei pra Ramon, grande amigo cearense de embates acalorados e com a imensa virtude de me aturar, perguntando se ele iria tomar uma. “Macho, já to tomando uma aqui numa cigarreira na curva da Rota do Sol. O povo é bacana, chegue junto”. Me mandei, é claro!

Caí direto numa confraria de amigos que se reúnem sempre aos sábados, no mesmo lugar, para festejar a vida e a amizade de anos e anos; amizade provada e atestada pela convivência no tempo que em tempo tudo prova, aprova, desaprova, finda.

E veio o quibe cru,com ótimo azeite, tiras de cebola roxa e hortelã decorando. Simplesmente delicioso, absolutamente delicioso. Mas a delícia tem suas surpresas. O quibe cru era feito por acreanos radicados em Natal. Nada mais lindamente brasileiro. Um povo misturado que nesse gigantismo territorial se construiu como uma etnia. A festa de Charles Bronson (um recifense torcedor do X port) tinha cearense, acreano, paraibano, pernambucano, BRASILEIROS.

O melhor quibe cru que já comi, feito por Leda e Osias, tem seus segredos culinários (há um algo a mais naquela delícia que faz enorme diferença). Mas talvez o seu maior segredo seja exatamente o não segredo da celebração do amor, do riso, da paz entre amigos...e da capacidade de cativar os de fora como eu, aparecido do nada e aconchegado por todos no momento em que pisei naquela cigarreira iluminada por tanta vida bacana.



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