domingo, 7 de março de 2010

Camilinhas deste e de todos os mundos

De Jesus a Ghandi. Indivíduos que buscaram a escória. Jesus o judeu pobre, amante de uma prostituta que ele tirou da zona (meu evangelho é o de Saramago) tornando-a sua principal discípula e confidente. Ghandi, o que vai ao encontro dos intocáveis no que é uma das práticas sociais mais repressores da humanidade ainda hoje (o sistema de castas). Provavelmente eles viram que a diferença entre o bem e o mal era, muitas vezes, entre o ter e o não ter.

A pobreza é um perpétuo não ter que termina na mesa de um bar, na cama, no hospício, na cadeia e em relacionamentos traumatizados e traumatizantes. O ambiente empobrecido que leva a falta do belo é fonte de conflito permanente para aqueles que são forçados a pensar na vida como sobrevivência imediata. É que pensar é sonhar, projetar perspectivas. Como pode se sonhar num ambiente em que viver hora após hora é a única perspectiva? Há os que tentam e fazem. Sofrem. Uns conseguem vislumbrar dignidade. Outros acabarão inevitavelmente na putaria.

Admito: amo as putas (essas mesmo que trepam por dinheiro). Odeio a estória sempre muito parecida de desamor, falta de grana, mundos divididos entre o feio de onde se mora e o belo de onde se vai com clientes de alguma posse. Os papos sinceros doem. São peixeiras bem amoladas. Vômito de muita percepção de dor. Dor contida, jogada na lixeira do inconsciente ou na perpetuação das farras. Mas dor.

Bukowski viveu entre os imperfeitos... O filme “A Pele” parece ser uma metáfora sobre a perfeição e um mundo paralelo de imperfeitos, intocáveis ou tocáveis para as necessidades mais humanas, como o sexo.
















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