quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Matar mitos, deuses e demônios


É verdade que Raquel Donegá é minha poetisa predileta. Mas a coisa vai além da minha admiração por seus escritos. É que por muitos meses discutimos sobre a necessidade de quebrar os mitos dos eternos grandes poetas e escritores brasileiros. Passamos horas no MSN trocando idéias sobre o assunto. O mais interessante disso tudo é que parecia que estávamos tramando a explosão de alguma embaixada: vem um sentimento de culpa imenso em trabalhar esse tema.
O mito em questão é a fossilização de escritos e escritores, sem falar na deificação dos mesmos.  Quintana, Drummont, Jorge Amado, Clarice Lispector etc. Num mundo virtualmente interligado, com gente qualificada em grande quantidade, é possível parar no passado? Se culpar por não mais se reconhecer em escritores que o tempo, que a tudo finda, desgastou? Na semana passada quase que apanho de um grande amigo por dizer que detesto Cervantes e acho Dom Quixote chato, “quixotesco”.
Não aceito bitolas, a maior delas, Deus, derrubei com 16 anos. Sou quarentão e tenho menos paciência e com mais horas de vôo em todo tipo de céu (os de Brigadeiro foram sempre ínfimos). O que quero é ver um mundo de escritos viajando na net, sendo lidos em muito maior quantidade do que as cabeças coroadas há décadas que (inclusive) se apropriaram de um mercado editorial canalha. Mas esse mercado de papel ta acabando, como acabando está o mito dos grandes e imutáveis escritores. Quem está detonando com tudo isso? Os escritores que viram na net a possibilidade de descer da mansarda e atravessar a rua da tabacaria.
Portanto... escrevam, publiquem, interajam. É um novo mundo. Botem pra quebrar. Os de hoje encherão o espírito com os ventos renovados oriundos de um mar de escritos de alta qualidade. Minha filha de 13 anos (iniciando-se como leitora) agradecerá essa diversidade e crescerá bem mais saudável do que eu, que tive o infortúnio de ter sido obrigado a ler A Moreninha, Olhai os Lírios dos Campos e a porra da Bagaceira, além da Bahia fóssil de Jorge Amado. Minha filha faz parte de uma nova geração. Essa geração é bem mais ativa e quer o novo.
p.s – Essa diversidade já aconteceu com a música compartilhada na NET. Figuras bem conhecidas como Gil, Caetano (e tantos outros) entraram no besteirol da “luta contra a pirataria” que na verdade era e é a luta pelos lucros elevadíssimos com custos operacionais nunca divulgados das máfias das grandes gravadoras.   

Um comentário:

  1. Buca,

    Dê uma olhada nessa discussão e morra de rir!

    http://poesiaretro.blogspot.com/2010/01/retro-news-autora-sugere-poetas-que-nao.html

    beijocas do tamanho exato!

    Quel

    ResponderExcluir